Título

NEURORRETINITE POR BARTONELLA HANSELAE: UM RELATO DE CASO

Objetivo

RELATAR UM CASO DE NEURORRETINITE POR BARTONELOSE OCULAR

Relato do Caso

ADSF, masculino, 40 anos, comparece ao pronto socorro de oftalmologia devido queixa de baixa acuidade visual progressiva em olho esquerdo (OE) há 3 semanas, associada a febre diária e linfadenopatia axilar. Antecedente positivo para arranhadura de gato em mãos dias antes dos sintomas. No momento, em uso empírico de Doxiciclina 100mg 12/12h VO. Ao exame físico apresentava acuidade visual sem correção (AVSC): 20/20 em olho direito (OD) e conta dedos a 2 metros em OE. A biomicroscopia de OE não apresentava reação de câmara anterior e a fundoscopia demostrava vítreo calmo, edema de papila importante e hemorragias peripapilares. Hipótese de bartonelose ocular foi aventada, sendo associado ao tratamento Ciprofloxacino 500mg 12/12h VO. Evoluiu após 16 dias com melhora da linfadenopatia e ausência de febre, mas manteve a AV e apresentava estrela macular na fundoscopia de OE. Introduzida então prednisona 40mg/dia em esquema desmame. Ao decorrer do tratamento, apresentou resultado de sorologias positivo para Bartonella hanselae (IgM e IgG). Após término de tratamento (6 semanas), apresentava AVSC 20/20p em OE e a fundoscopia mostrava papila com bordas bem delimitadas e exsudatos discretos em processo de reabsorção.

Conclusão

A bartonelose, doença da arranhadura do gato, tem como agente etiológico a Bartonella henselae, um bacilo gram-negativo. A infecção geralmente é transmitida por arranhadura ou mordida de gato aparentemente saudável. A forma ocular ocorre em 5-10% dos casos. Neurorretinite é a manifestação mais comum e se apresenta como exsudato macular em conformação de estrela macular. A outra forma consiste na síndrome Oculoglandular de Parinaud (conjuntivite granulomatosa unilateral com folículos ao redor e linfadenopatia pré-auricular ipsilateral). A doença é geralmente benigna e auto-limitada, mas a antibioticoterapia sistêmica tem mostrado diminuir o tempo de doença e melhora da AV final, sendo o uso de corticoide benéfico em alguns casos.